Este relatório, desenvolvido pelo BCG com a colaboração técnica do WBCSD, CEBDS e MAPA se baseia em um conhecimento extenso e insights de especialistas para descrever o potencial impacto da agricultura regenerativa e uso sustentável de terras dentro de paisagens e um caminho para a implementação ampla no Cerrado. Esse documento evidência como essas paisagens regenerativas podem endereçar múltiplos objetivos, equilibrando a sustentabilidade ambiental com o crescimento econômico.
O Cerrado brasileiro: uma força da agricultura e da biodiversidade. Com uma extensão de quase 200 milhões de hectares, a savana mais biodiversa do mundo tem um papel central na produção agrícola global. Ela acolhe 30% da biodiversidade do Brasil e 5% de todas as espécies conhecidas, enquanto produz 25% da soja do mundo, 6% da carne bovina, 27% da cana-de-açúcar, 9% do algodão e 6% do milho. Até 2050 estima-se que o Cerrado vai representar 70% da soja brasileira e cerca de metade da produção de carne, ampliando a influência do Brasil na questão alimentar do mundo e reforçando o papel vital do Cerrado na agricultura e na conservação.
Produção e conservação andam de mãos dadas. Em uma área de 32,3 milhões de hectares – o equivalente a uma Noruega – existe uma oportunidade para adotar práticas regenerativas. Desses, 23,7 Mha são pastagens com algum nível de degradação que podem ser restauradas, recuperando ciclos críticos do ecossistema, com retorno em 7 a 9 anos. Os outros 8,6 Mha são lavouras que podem aumentar a adoção de práticas regenerativas, entregando TIR de 16 a 29% com retorno em 3 a 5 anos. Uma pesquisa do BCG com fazendeiros na região confirma que eles estão prontos para fazer essa mudança, desde que tenham acesso a financiamentos e assistência técnica.
A hora de escalar é agora. A transição do Cerrado representa uma oportunidade de investimento de 55 bilhões até 2040, com uma TIR média de 19%. Algumas paisagens na região podem alcançar TIR de até 29%. É necessário aproximadamente 1 bilhão em financiamento misto até 2030 para mitigar riscos em estágio inicial. Cerca de 85% do financiamento pode vir de investimentos privados, com o apoio de sistemas confiáveis para medição, monitoramento, reportagem e verificação, instrumentos financeiros escalonáveis e parcerias confiáveis com produtores locais.